2008-08-14

Metro contribui para a desertificação de Lisboa

A linha Azul do Metro de Lisboa vai prolongar-se até à Reboleira, uma obra que deverá estar concluída em 2011, cujo contrato foi assinado esta manhã na presença da Secretária de Estado dos Transportes. A estação a construir incluirá uma nova interface com a linha de Comboios de Sintra, passando a ser possível fazer a ligação Reboleira - Marquês de Pombal em 15 minutos.

Quanto tempo demora um morador residente em Campo de Ourique, Campolide, Lapa, Alcantara ou Belém a chegar ao Marquês de Pombal? Em 2011, provavelmente demorará mais tempo do que se viver na Reboleira. Mas já hoje, provavelmente, um residente na Amadora demora menos tempo a chegar ao Marquês de Pombal do que um residente em muitos dos bairros de Lisboa.

Parte do investimento na expansão da rede do Metro tem que ser destinada a melhorar o serviço prestado à população residente em Lisboa. O investimento não pode continuar a ser, única e exclusivamente, destinado a fazer chegar o metro às zonas limítrofes de Lisboa e a interfaces com barcos e comboios. O Metro tem que chegar aos bairros de Lisboa e servir as suas populações, sob pena de a empresa Metro de Lisboa e o Governo, que a tutela, estarem a contribuir para a desertificação da cidade de Lisboa. Muitos poderão perguntar-se, para quê comprar uma casa em Campolide ou Alcantara se depois demora mais tempo a chegar ao centro da cidade do que quem vive na Reboleira, na Amadora ou em Odivelas?

É pois estranho o silêncio da Câmara Municipal de Lisboa que, na minha opinião, deveria ser a primeira a exigir equidade nos investimentos na expansão da rede do Metro e reivindicar um melhor serviço aos lisboetas e à cidade.